No dia que antecede as eleições legislativas portuguesas, o
Boavista tornou públicas as suas intenções: votaram na tranquilidade na Liga
Portugal Betclic, uma vez que receberam e derrotaram o Moreirense por 1-0, com
o golo do triunfo a surgir na reta final por intermédio de Miguel Reisinho.
Ricardo Paiva e Rui Borges acabaram por ser fiéis ao que
têm vindo a fazer. O técnico dos boavisteiros foi obrigado a mexer apenas por
necessidade: devido à suspensão de Sebastián Pérez e lesão de Vincent Sasso.
Entraram Ibrahima Camará e Filipe Ferreira. Do lado de Moreira de Cónegos,
apostou-se nos mesmos onze jogadores do último encontro.
Muita indecisão...
Ao contrário do que se verificou fora das quatro linhas,
onde o vento, chuva e frio tomaram conta das atenções, Boavista e Moreirense
começaram com vontade de dar espetáculo num final de tarde de inverno no
Estádio do Bessa. Era necessário, portanto, aquecer os motores e ligar à
corrente. Róbert Bozeník foi o primeiro jogador a mostrar essa intenção. Logo
aos 40 segundos de jogo, após um lance algo confuso, falhou a bola no coração
da grande área adversária e deu, ainda assim, o primeiro aviso a uma equipa que
transpira confiança. Esse primeiro aviso não deixou o Moreirense intranquilo.
Bem sabemos que o Boavista tentou aproveitar as linhas subidas e conseguiu
criar perigo por intermédio de Salvador Agra, mas os cónegos, aos poucos,
impuseram um ritmo de jogo favorável para chegar ao último terço contrário. A
técnica de João Camacho e de Madson, assim como a qualidade de passe do trio
Castro-Ofori-Franco, ajudaram à calma num campo complicado. As oportunidades
propriamente ditas não foram abundantes, mas João Gonçalves ainda se aplicou
algumas vezes para evitar o primeiro golo do encontro.
Até aparecer o Rei
Os treinadores foram mexendo com as peças que tinham no
banco de suplentes. Ricardo Paiva começou por fazer uma «substituição direta»,
pois colocou Gaius Makouta no lugar que pertenceu a Ilija Vukotic. Do outro
lado, Rui Borges respondeu com a entrada de Alanzinho numa tentativa de atacar
com mais intensidade, pois Castro saiu do tapete verde, o que fez com Ofori
recuasse no terreno. Durante largos minutos a estratégia parecia ter resultado,
pois o Moreirense instalou-se junto à baliza boavisteira. Os axadrezados foram
somando dificuldades para sair com critério e tiveram que esperar largos
minutos para voltar «a acordar» Kewin Silva, guarda-redes que teve pouco
trabalho. Quem acordou mesmo foi Miguel Reisinho, camisola dez que teve um
momento artístico aos 82 minutos. Após um passe de Makouta, o médio ofensivo
contou com um remate sem muita preparação e abanou as redes contrárias: explosão
de alegria no Bessa! Até ao final, os forasteiros tentaram o tudo por tudo, mas
o voto não mudou: o Boavista quer uma reta final de campeonato mais tranquila
para permanecer no principal escalão do futebol português. A Pantera continua
viva.
Na partida de encerramento da ronda 23 da Liga Betclic, os
minhotos souberam lidar com um Boavista abnegado e organizado na primeira meia
hora e embalaram para uma vitória sólida num terreno tradicionalmente difícil
(0-4). Bozeník esteve prestes a causar tremor, mas a ficha limpa voltou a ser a
realidade na baliza de Matheus, com os Gverreiros a exibirem um manual prático
de como abater a Pantera. A meteorologia antecipava frio e este fez-se sentir,
fora e dentro das quatro linhas. A destoar desta condição quase polar, as
claques das duas equipas deram vida, com a voz bem aquecida, a um desafio bem
organizado de parte a parte, mas com poucos rasgos de brilhantismo na reta
inicial. Com as inclusões de Bruno Onyemaechi - surgiu uns metros à frente de
Filipe Ferreira - e Joe Mendes - desta
vez na lateral esquerda arsenalista - como destaques de proa, cedo se percebeu
que os do Bessa não teriam problemas em atacar, com o critério exigido, a
baliza de Matheus, ainda que as incursões apenas se resumissem a um par de
aproximações prometedoras até perto da meia hora. Naturalmente e mesmo que a
viver uma fase menos fulgurante, os Gverreiros do Minho instalaram-se perto da
área axadrezada, sempre com muito jogo exterior e sem muito «alimento» para
Banza e Abel Ruiz. Roger teve nos pés a melhor situação dos minhotos nesse
período, valendo a atenção de João Gonçalves a limpar o perigo com uma estirada
ao ângulo. Pedia-se mais rasgo e uma
dose acrescida de espetacularidade que fizesse jus aos bravos que iam dotando o
espetáculo a partir de fora e esse desejo foi mesmo cumprido. Bozeník até
adiantou o Boavista num carrinho perfeito ao cruzamento de Salvador Agra, mas a
desilusão surgiu, logo a seguir, com o confirmar da posição irregular do
internacional eslovaco.
Do susto à
tranquilidade
O susto fez o Braga despertar a sua qualidade ofensiva e,
num ápice, colocou-se em posição avantajada. Em menos de cinco minutos, Banza
mostrou a frieza do costume na cara de João Gonçalves, depois de um sprint
inebriante,com Abel Ruiz a dilatar a contenda, numa finalização de classe tão
elevada como a do passe picado de Ricardo Horta. Dois duros golpes no cariz
compacto dos axadrezados... Algo que se viria a agudizar nos segundos 45'.
Confortável na liderança do placard, os arsenalistas geriram com maior ou menor
domínio e Banza desferiu nova estocada na Pantera, beneficiando de uma entrada
repleta de serviço - cumpria os primeiros dois minutos em campo - de Cristián
Borja. No que havia para se jogar, Ricardo Paiva fez entrar Chidozie para o
lugar de Filipe Ferreira e compôs uma linha defensiva a cinco, a fim de
estancar as infiltrações que se iam adensando com o passar dos minutos.Joel
Silva ainda esteve perto de amenizar o descalabro numeral que se começava a
sentir, só que, Zalazar voltou aos golos e fechou as contas à boleia de um belo
tiro cruzado.
Cartões Amarelos:Vasco Fernandes 39',Júnior Pius 44',Ricardo Guima 45' +3',Cafu Phete 45' +5',Sandro Cruz 45 +8',Pedro Malheiro 87' e Hugo Souza 92'.
Cartões Vermelhos: Carraça 59'.
Golos:Raphael Guzzo 7',Bruno Lourenço 23'(g.p.) e Héctor Hernández 71'.
Nem a expulsão de Carraça no início da 2ª parte (59')
abrandou o coração deste Chaves, que viu um grande golo de bicicleta do
espanhol Héctor Hernández dar uma importante (e merecida) vitória por 2-1 sobre
um Boavista desinspirado. Com esta vitória, os flavienses deixaram, à condição,
o lugar de lanterna vermelha do campeonato. Pontos eram precisos em
Trás-os-Montes e o Chaves recebia o (menos aflito) Boavista. Do lado flaviense,
o treinador Moreno Teixeira promovia quatro alterações no onze inicial em relação
ao último duelo, com as entradas de Jô Batista, Ricardo Guima, Cafú Phete e
Carraça, para os lugares que pertenciam a Steven Vitória, Rúben Ribeiro, João
Correia e Kelechi. O Boavista, por sua vez, não fazia alterações no onze
inicial.
Do belo ao duro
Aflito no fundo da tabela, mas a jogar em casa, o Chaves
entrou com vontade de ter bola e rapidamente obrigou o Boavista a baixar a
pressão alta demonstrada inicialmente. Com bola, os flavienses apresentavam um
3x5x2, onde as deambulações de Héctor Hernández para as linhas iam criando
espaço para o surgimento dos médios em zona frontal e a equipa crescia com
bola. Contudo, o golo inaugural surgiu num erro enorme de Sasso, aos 7', que
perdeu a bola em zona infantil, na esquerda, e permitiu a Jô Batista servir
Guzzo no coração da área, para o 1-0. Jogo foi dividido na 1ª parte O Boavista,
embora muito focado na transição, até reagiu bem ao golo sofrido e começou a
potenciar Agra e Reisinho, com Bruno Lourenço a servir de maestro, a partir das
suas deambulações para o meio, e com Bozenik a «chatear» o trio defensivo
adversário. Bem ofensivamente, mas mais adormecido do outro lado, o Chaves viu
Sandro Cruz chegar tarde a uma bola dividida e acabou por fazer falta sobre
Agra na sua área. Após confirmação do VAR, Bruno Lourenço não perdoou e empatou
a partida, aos 23'. Esta primeira metade da 1ª parte tinha sido boa, mas o golo
do empate descaracterizou um pouco o Chaves, que continuou a ter mais bola, mas
foi bem menos assertivo. O jogo ficou mais combativo, baixou o ritmo e foi
sendo parado em excesso com faltas - prova disso foram os cinco amarelos do
Chaves ao intervalo -, o que não permitiu grande qualidade. Já nos descontos,
Malheiro ainda cruzou bem para Bozenik e este rematou enrolado para defesa de
Hugo Souza, mas o empate persistiu até ao intervalo.
Coração flaviense
Terminado o balneário, a dinâmica do jogo mudou um pouco e
era o Boavista quem, agora, queria mais bola, deixando a partida mais dividida
a meio campo, embora o Chaves continuasse a procurar ter o seu espaço. Os
primeiros minutos foram, no entanto, disputados longe das balizas. Contudo,
tudo mudou aos 59', quando o Chaves perdeu a bola em zona proibida, Bozenik foi
desmarcado na cara do golo e apenas foi impedido por Carraça, que acabou
expulso. O VAR ainda analisou se era penálti, mas a falta tinha sido fora da
área. Havia vida no Chaves, mas a vida está complicada. Perante isto,
enfatizou-se um Boavista mandão, com mais bola e a encostar o Chaves à sua
área, até porque os flavienses defendiam agora com todos e tentavam jogar na
transição. Moreno manteve a linha de três, mas não deixou de olhar para a
frente e, depois de Benny na esquerda, adicionou João Correia e Sanca para dar
vida à ala direita. O Chaves ia respirando por aí, mas conseguiu mais do que
isso: foi feliz. Com o Boavista mais balanceado para a frente, aos 71', Benny
subiu na esquerda, cruzou tenso e João Correia amorteceu ao segundo poste. No
coração da área surgiu Héctor Hernández a marcar de bicicleta, para ver e rever
e dar vida aos comandados de Moreno. Em vantagem numérica, mas desvantagem no
marcador, cabia ao Boavista fazer de tudo para marcar. O Chaves foi-se
resguardando, o Boavista, sem soluções para construir no último terço, perante
as linhas tão baixas do Chaves, ia cruzando e tentando usar o seu tamanho, mas
nada resultava. Quando não era a sua ineficácia - Bozenik, desinspirado, teve
grande perdida nos descontos -, era Hugo Souza a agigantar-se entre os postes e
o Chaves acabou mesmo por conseguir uma enorme e importante vitória por 2-1,
para sair, provisoriamente, do 18º e último lugar da classificação.
Cartões Amarelos:Mor Ndiaye 17’Gaius Makouta 47',Sebástien Perez 69',Vinícius Zanocelo 70',Bruno Lourenço 85' João Carlos 86',Ibrahima Camara 87',João Gonçalves 90' e Mateus Fernandes 91'.
Golos:Vincent Sasso 15’,Robert Bozenik 29' e Alejandro Marques 54'.
Será tempo de redenção no Bessa? Muitas linhas de história
foram escritas nas últimas semanas sobre a eventual saída de Róbert Bozeník do
Boavista, mas, este sábado, foi uma das grandes figuras de um duelo intenso
entre panteras e Estoril Praia. No final, foi mesmo o emblema axadrezado a
vencer por 2-1. No Estoril, Vasco Seabra promoveu apenas uma alteração:
Heriberto entrou para o lugar do suspenso João Marques. Já Ricardo Paiva
efetuou três alterações relativamente ao último encontro: Rodrigo Abascal, Miguel
Reisinho e Bozenik entraram para os lugares de Ibrahima, Luís Santos e Martim
Tavares.
Do equilíbrio ao partir da balança
A bola rolava de parte a parte, nos minutos iniciais. Sem
grande intervenção das balizas, apenas era visível a forma muito diferente de
abordagem ao jogo de cada uma das formações. O Boavista optou por ser mais
direto na aproximação ao terço adversário, procurando a profundidade e bola nas
costas da defesa canarinha. O Estoril? Muito mais calmo em campo, priorizando o
jogo interior e combinações entre os mais avançados no relvado. Quarto de hora.
Canto. Golo de Vincent Sasso, central que fez autênticas piscinas durante o
decorrer de toda a primeira parte, não deixando a equipa desfalecer em campo.
Ora central, ora trinco, ora distribuidor de jogo. O tento inicial serviu de
congratulação para a exibição que demonstrou. Meia hora. Redenção. Foi uma das
novelas do mês de janeiro, mas a cortina fechou sem um acordo entre Boavista e
Sevilla. Muita tinta correu, mas, a verdade é que, depois de ficar fora do
duelo frente ao Casa Pia por ser «um caso entregue à direção» do Boavista,
Róbert Bozeník voltou e marcou. No festejo, disse: «Eu fico cá!». O caso,
aparentemente, está mesmo encerrado.
Em busca de mais
O Estoril Praia acabou por apagar no decorrer da primeira
parte. Depois do equilíbrio inicial, a motivação esvaiu ao ver o resultado
fugir com dois golos sofridos. Vasco Seabra mudou a equipa ao intervalo,
substituindo Mor Ndiaye e Volnei Feltes, e notou-se alguma diferença na
abordagem aos segundos 45 minutos. Uma formação mais fluída no ataque e nos
momentos de transição - que o diga o golo de Alejandro Marqués aos 55 minutos,
depois de uma jogada pelo flanco direito. O teor ofensivo do jogo permaneceu e os
ânimos aqueceram. Muitas picardias, muita agressividade, muitas altercações. O
ambiente estava tão quente como uma tarde de sol no Algarve no verão. No
entanto, calafrios para o Estoril Praia que sai do Bessa sem qualquer ponto. O
Boavista estende a toalha na areia do nono lugar.
O passado recente em pouco augurava bom futuro. De um lado
uma goleada das antigas sofrida, do outro uma derrota pesada em casa. O incerto
reina entre Pina Manique - ou, neste caso, Rio Maior - e o Bessa. Esta
segunda-feira, Casa Pia e Boavista defrontaram-se e não foram além de um nulo
numa partida quase desesperante. Poucas alterações no onze dos gansos com
Fernando Varela, Yuki Soma e Nuno Moreira a assumirem um posto como titulares.
Do lado dos panteras, Ibrahima Camará, Luís Santos, Bruno Lourenço e Martim
Tavares foram os escolhidos por Ricardo Paiva, após várias dúvidas num plantel
tão curto.
Um verdadeiro sufoco
Passado inseguro. Presente a desejar. Futuro incerto. Duas
equipas que atravessam dificuldades na parte inferior da tabela, com a
manutenção a ser o verdadeiro objetivo em vista. O Casa Pia tem bons valores -
que o diga a adição de Nuno Moreira às opções do técnico, sendo que assumiu
logo a titularidade. Tiago Dias e Leonardo Lelo são outros dos nomes que
respiram talento. No entanto, os resultados não batem certo com isto. Este jogo
acabou por transparecer a justificação: várias perdas de bola, aparente pouco
entrosamento e erros na sequência de construção de jogo. O Boavista passa por
um período... como é que se adjetiva algo que é mais complicado do que o
complicado? É isso. Pela incapacidade de inscrever jogadores, somada à venda
Tiago Morais - um ativo importante - e, ainda, a situação de Robert Bozenik -
sendo que, neste encontro, Rodrigo Abascal esteve impedido de jogar por
acumulação de amarelos e tanto Chidozie como Bruno Onyemaechi se encontram no
CAN... As últimas noites de Ricardo Paiva não devem ter sido fáceis para
adormecer. Aparentes soluções em modo penso rápido foram encontradas para
chegar a Rio Maior, mas... pecou-se muito em campo. Não havia um fio condutor
num duelo que se mostrava equilibrado pelos erros cometidos parte a parte.
90 minutos: zero remates enquadrados
Retomamos ao que
referimos acima: a verdade é essa, o jogo mostrou-se equilibrado, mas apenas e
só a meio-campo. Foram muitos erros, porém o Casa Pia acabou por se
sobrepôr. O meio-campo do Boavista
esteve em pleno dia não e, simplesmente, mostrava-se muito difícil para os
comandados de Ricardo Paiva visarem a baliza de Ricardo Batista - sendo que,
para os gansos, a história não se mostrou muito diferente, mas demonstraram-se
mais incisivos no ataque do que a formação nortenha. No final, há que ver o
lado positivo: a série de derrotas de ambas as equipas terminou com um empate a
zero entre os dois emblemas, num jogo que, também ele, teve zero remates
enquadrados na totalidade do encontro. Com tanto talento dos dois lados, acabou
a ser algo desesperante ver este duelo, pois esperava-se mais. Muitos erros,
pouca baliza, muito pouco futebol praticado. Ambas conseguem mais e muito
melhor.
«Passar as passas do Algarve». Expressão popular utilizada
para retratar quem experiencia situações complicadas, grandes dificuldades,
missões hercúleas. As axadrezadas passas do Algarve viveram-se este domingo, na
19ª jornada da Liga Portugal Betclic, quando o Boavista perdeu (1-4) diante do
Portimonense. A bonita tarde no Bessa não fazia prever o trágico (e repentino)
desfecho. 6917 panteras nas bancadas — setor visitante sem registo de uma alma.
Em campo, os 22 escolhidos procuraram replicar o bom ambiente vivido fora das
quatro linhas.
Tiros nos pés
Os boavisteiros não entraram mal. Seba Pérez foi o que
esteve em melhor plano; inteligente, certeiro e criativo, descobriu várias
vezes espaço na direita, onde Agra ou Malheiro tentaram desequilibrar. Bozeník
procurou mostrar a reconhecida veia goleadora, mas golos, no primeiro tempo, só
para os visitantes. Se o Portimonense criou uma confortável vantagem, foi
também pelos erros fatais dos axadrezados. Makouta e Reisinho perderam bolas no
meio-campo e, com mérito, os algarvios aproveitaram; desdobraram-se para o
ataque e, orquestrados por Carlinhos, fizeram dois golos sem resposta (Varela e
Jasper). O terceiro surgiu de livre — um curto toque para a direita inutilizou
a barreira e, num remate que nem foi dos mais colocados, a vantagem subiu de
tom.
Demasiadas marés para remar
Após o descanso, os da casa voltaram a entrar melhor.
Malheiro testou os reflexos de Nakamura, que teve mais trabalho no segundo
tempo. Entre algumas perdas de tempo e dribles entusiásticos de Hélio Varela, o
Portimonense tentou discutir o jogo, isto até ao tento axadrezado. Makouta, até
então a rubricar uma exibição sofrível, desviou um canto ao primeiro poste e
reduziu a desvantagem, Daí em diante, as intenções ofensivas dos alvinegros
perderam expressão. O Boavista chegou ao último terço com facilidade e a maior
dificuldade foi mesmo controlar a imprevisibilidade do tapete. Castigado, o
relvado roubou duas oportunidades de ouro a Bozeník, que terminou em branco.
Até ao apito final, ainda houve tempo para Luan Campos anotar o 1-4. Desta
forma, o Portimonense ultrapassou o Boavista na classificação. Os algarvios
subiram ao nono posto e os boavisteiros, até ver, desceram ao décimo. Ainda
assim, ambos os conjuntos continuam pontualmente próximos da zona vermelha da
tabela.
Os supersticiosos apontam a necessidade de entrar com o pé direito, mas foi graças ao pé esquerdo de Ángel Di María que o Benfica arrancou a segunda volta da Liga Portugal Betclic com uma vitória. Golo e assistência do argentino, num 2-0 sobre o Boavista! Frente ao responsável pela única derrota das águias nesta competição, a equipa da casa foi dominante durante praticamente todo o jogo. Mesmo sem criar muitas chances, com os caminhos fechados a Rafa no corredor central, o campeão nacional deu mais um passo na sua boa série de resultados. São agora oito vitórias consecutivas.
Carreras de Morato no domínio caseiro
Talvez ainda pesasse na memória encarnada o resultado da primeira jornada deste campeonato - um 3-2 no Bessa -, pela forma como os comandados de Roger Schmidt entraram em campo. Uma equipa ofensiva, vertical, a tentar chegar à baliza adversária o mais rapidamente possível. Se o Boavista tentou recuperar o espírito desse jogo de agosto, não se notou. Mesmo nas costas do 1-4 em Vizela, a primeira vitória desde a quinta jornada, a equipa de Ricardo Paiva não conseguiu mostrar praticamente nenhum fulgor ofensivo. Na defesa, a ausência de Malheiro e Onyemaechi voltou a ser sentida, com demasiado espaço cedido por Salvador Agra e Luís Santos, atacantes por natureza. Quem beneficiou desse espaço nos corredores laterais foi, de forma algo surpreendente, Morato. À semelhança do que aconteceu com Arthur Cabral após a contratação de Marcos Leonardo, o defesa brasileiro mostrou mais personalidade que o habitual, com um crescente impacto na manobra ofensiva da sua equipa. A motivar essas arrancadas - carreras, diriam em Espanha - talvez tenha pesado a presença no banco de um reforço para a posição. Seja como for, a verdade é que Morato teve envolvimento nas maiores ocasiões de golo do Benfica ao longo da primeira parte: primeiro aos 12 minutos, num cruzamento grimaldesco que ninguém (João Mário, Arthur ou Rafa) conseguiu desviar para golo, e depois, aos 25, a desperdiçar o golo numa rara aparição no coração da área.
Ángel da salvação teve eco na voz
No arranque da segunda parte, bem como no fim da primeira, já era palpável a tensão da Luz. Desejosos de somar os três pontos necessários para voltar a pressionar o Sporting, os adeptos da casa canalizaram a frustração para o árbitro. O desejo era resolver o jogo rapidamente e Di María tentou dar conta do recado, mas o golo do argentino aos 48 minutos foi invalidado por mão de João Mário, após consulta ao VAR. Na resposta, o Boavista conseguiu pela primeira vez embalar no contra-ataque e viu Bozeník isolar-se na área, mas Trubin, chamado a jogo pela primeira vez, travou a ocasião flagrante. Esses acontecimentos sucessivos não acalmaram os assobios, que ainda se multiplicaram no seguimento de cartões amarelos e atrasos de João Gonçalves na cobrança dos pontapés de baliza. Teve de ser Ángel Di María a dar um último momento de agitação às bancadas, antes do serenar das mesmas. Para vingar o golo anulado, o internacional argentino conseguiu assinar um 1-0 válido, num lance em que engana por completo o guarda-redes adversário. Parecia (e podia até ser) um cruzamento, mas os colegas não chegaram à bola e esta, solteira, saltou timidamente na relva antes de entrar junto ao poste mais distante. Até ao final, houve ainda tempo para mais alegrias para os adeptos da casa. Primeiro a entrada de João Neves, sempre tão acarinhado pela Luz, e do regressado David Neres. Depois o 2-0, marcado aos 90+4. Mais um golo em poucos minutos para Marcos Leonardo que, servido pelo experiente e decisivo Di María, só teve de encostar.