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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Fim De Ano Preto e Branco

O buraco de 80 milhões e a equipa na 2.ª Divisão são apenas as faces mais visíveis da crise. Há funcionários em situações muito complicadas e directores até ajudam na limpeza.

É uma época natalícia com poucas motivos para festejar, a que se vive no Boavista. Nove anos depois de se ter sagrado campeão nacional de futebol, o clube do Porto atravessa grandes dificuldades. O passivo de cerca de 80 milhões de euros - clube e SAD - e a equipa principal a lutar pela permanência na 2ª Divisão, série Norte, são as faces mais visíveis de uma crise que tem, no entanto, uma vertente mais oculta: o drama dos funcionários do Estádio do Bessa XXI.
Ao que o Correio Sport apurou, os trabalhadores axadrezados queixam-se de dois meses de salários em atraso – Novembro e Dezembro deste ano, já que Outubro foi pago no último dia 21 -, mas isso será só a ponta do icebergue das demoras:dois subsídios de férias, relativos a 2008 e 2009, dois meses de 2006 e os subsídios de Natal deste ano e do ano passado.
A situação está a tornar-se dramática para os funcionários do Estádio do Bessa, alguns com mais de 25 anos de casa, sendo que há famílias em que são vários os elementos a depender da mesma entidade.
“Existem muitas situações piores do que o Boavista. Fábricas em que nem sequer é dada uma explicação aos operários”, salienta o vice-presidente Diogo Braga, um dos directores que continua em regime de voluntariado no clube.
Aliás, pelo que foi possível apurar, responsáveis dos axadrezados ajudam mesmo em tarefas de limpeza no Bessa, como terá sido o caso do último fim-de-semana, no Boavista-Moreirense (0-0). Isto porque as empregadas suspenderam os seus contratos. “Com o pagamento de Outubro, voltarão algumas das funcionárias. Mas não tenho problemas em pegar numa esfregona”, acrescentou o vice Diogo Braga.
Sem dinheiro para indemnizações, o Boavista negoceia com os trabalhadores que desejem terminar os vínculos. Os empregados dizem que lhes pedem para abdicar dos anos de casa, de forma a receberem salários e subsídios em atraso. O clube nega. “Isso nunca foi colocado em cima da mesa. É uma negociação e, como tal, terá que haver cedências de parte a parte”, disse o vice-presidente.
“Saliento o sacrifício que tem sido feito para solucionar estes problemas e relembro a asfixia que temos tido, até a nível de governo, já que pretendíamos pagar os impostos através de um Plano Extrajudicial de Conciliação que nos foi negado”, finalizou Diogo Braga.



ESPERANÇA NA JUSTIÇA PARA REGRESSO À LIGA

Com esperança na Justiça, o Boavista aguarda por uma decisão do Tribunal de Relação de Lisboa em relação à polémica reunião do Conselho de Justiça (CJ) da Federação, em Julho de 2008 e com o ‘Apito Final’ em discussão, que resultou na suspensão do líder do órgão disciplinar, Gonçalves Pereira.
Este veredicto da Relação, de acordo com os boavisteiros, pode ser o volte-face na vida do clube, já que poderia devolver a equipa portuense à Liga principal.
“O processo do ‘Apito Final ‘arrastou-nos para esta situação. As receitas são muito diminutas na 2ª Divisão, em relação ao primeiro escalão”, alertou o vice-presidente Diogo Braga.
Vítor Paneira é o actual treinador do Boavista, penúltimo classificado da 2ª Divisão, série Norte, num plantel que conta com um mês de salários em atraso, situação que a SAD axadrezada tenta regularizar.


BINGO CONTA COM SALÁRIOS EM DIA

Ao contrário do que acontece no clube, os funcionários do Bingo do Boavista contam com toda a folha salarial em dia – o subsídio de Natal 2009 já foi pago – facto que também incomoda os trabalhadores do Estádio do Bessa, para quem o dinheiro que resulta da casa de jogo deveria ser dividido por todos. “Os funcionários do Bingo têm tudo em dia porque o pouco lucro que o Bingo dá serve para pagar os compromissos com os trabalhadores”, esclareceu Álvaro Braga Júnior, presidente do Boavista.



SAIBA MAIS

700 MIL

O Boavista esteve quase a cair aos distritais por impedimentos de inscrição de jogadores colocados por antigos atletas, técnicos e ainda dois clubes. 0s axadrezados chegaram a acordo com os credores, que pediam 700 mil euros.



10 PONTOS

É esta a pontuação do Boavista, à passagem da 12.ª jornada. O clube axadrezado, com apenas duas vitórias, ocupa um lugar de despromoção.

EM DESESPERO

De acordo com o que o Correio Sport apurou, trabalhadores recorreram à Segurança Social e à Autoridade para as Condições de Trabalho, mas as respostas nunca chegaram. A queixa de que trabalham sem seguro é negada pelos responsáveis.

JORGE SILVA, UM SÍMBOLO



Jorge Silva tem 34 anos e é internacional A. Jogou com a camisola axadrezada na Liga dos Campeões e é com o mesmo xadrez preto e branco que actua na 2.ª Divisão, série Norte. Símbolo de entrega.






Sérgio Pereira Cardoso/Octávio Lopes
Fonte:http://www.correiomanha.pt

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