MC:Miguel Crespo MC:Show(Gustavo Sauer 80')
PL:André Vidigal(Murilo 83') ED:Yusupha Nije(Paulinho 66')
Coração, inteligência e oportunismo. O Estoril precisou e
demonstrou tudo isto e acabou mesmo por aproveitar o mau momento de forma do
Boavista para causar uma nova surpresa na Taça de Portugal, ao vencer os
axadrezados por 2x1 e confirmar a sua passagem aos oitavos-de-final. Naquele
que foi o seu primeiro jogo após a saída de Vasco Seabra do comando técnico dos
axadrezados, o Boavista entrou com o objetivo de mostrar uma nova imagem sua,
mas acabou por demonstrar uma clara falta de organização no processo ofensivo e
até tático, que lhes custou caro e significou o afastamento da Prova Rainha do
futebol português.
Salpicos de entusiasmo não chegam
Depois do empate a zero com o Rio Ave, o Boavista,
comandado por Daniel Rosendo, treinador da equipa sub-23, fez quatro alterações
no 11 inicial, enquanto o Estoril Praia aplicou uma autêntica revolução (apenas
dois repetem a presença enquanto titulares) face à goleada por 5x0 frente ao
Lusitano de Évora, também para a Taça, fazendo regressar vários dos seus
habituais titulares. O início do encontro deu logo para perceber que os
estorilistas não vinham para este jogo para se apequenar por estar uma divisão
abaixo e até foi a formação da casa a primeira a criar perigo, com o extremo
André Vidigal a aquecer as luvas de Bracalli. Os atuais líderes da Liga
Portugal fugiram ao jogo direto e tentaram sempre sair a jogar entre os defesas
e o guarda-redes, no entanto, o Boavista apresentou linhas muito subidas e um
grande aglomerado de jogadores na zona central, o que dificultou a que os
centrocampistas do Estoril fizessem a ligação e saíssem, assim, a jogar.
Do lado axadrezado, o ritmo não era muito elevado e foram
algumas as vezes onde o entrosamento entre certos elementos estava ainda a
faltar. As arrancadas de Alberth Elis, que voltou à titularidade e jogou a
partir da ala direita, e algumas pinceladas de Angel Gomes aqui e ali, iam
sendo o principal destaque da parte dos forasteiros. O médio emprestado pelo
Lille destacou-se cedo após tirar um adversário do caminho ainda na zona
defensiva da sua equipa e ao virar
completamente o jogo para Elis e depois foi ele mesmo que fez o primeiro remate
da sua equipa, após uma arrancada no centro do terreno, e obrigou Thiago
Rodrigues a esforçar-se e a fazer uma boa defesa. No entanto, Angel foi
colocado por Daniel Rosendo a jogar a partir da ala esquerda e fora os seus
cortes para o centro do terreno, acabou por estar muito escondido e a equipa
acabou por sair a perder pela falta da sua criatividade na zona atrás do
ponta-de-lança.
A solução estava na bola parada
Nos segundos 45 minutos, o técnico Bruno Pinheiro fez entrar o central Hugo Basto para o lugar de Marcos Valente para refrescar a defesa, parecendo que estava a adivinhar o crescendo da equipa do Boavista. A formação lisboeta abandonou um pouco a sua mentalidade de sair a jogar e de tentar enfrentar o Boavista olhos-nos-olhos e estava com dificuldades em sair do seu meio-campo, daí a surpresa de terem sido eles mesmos a inaugurar o marcador. Com uma hora de jogo disputado, o Estoril teve direito a um livre direto na ala direita. André Franco assumiu e bateu de pé esquerdo tenso para a zona do guarda-redes, obrigando Bracalli a afastar a soco no meio da confusão para a entrada da área, onde surgiu Miguel Crespo a rematar seco para o fundo da baliza. Ao contrário do que se poderia esperar, o Estoril cresceu com o golo e aproveitou a desorganização boavisteira, que tinha cada vez mais dificuldade em tomar as decisões corretas à medida que os minutos passavam e viu a sua vida ficar ainda mais complicada a um quarto de hora do final do tempo regulamentar quando os praienses ampliaram a vantagem. Livre da mesma zona, o mesmo pé esquerdo de André Franco e o mesmo desfecho, golo, desta vez com o central Hugo Gomes a surgir entre a defensiva contrária e a cabecear para o 2x0 final. Por esta altura, a equipa do Boavista era mais coração que cabeça e não demonstrou clarividência suficiente para conseguir reduzir a desvantagem e, quiçá, relançar o encontro, como se notou pela sua aposta frequente no jogo direto, algo que até aqui não se tinha verificado. Já nos instantes finais, o Boavista ainda conseguiu reduzir por intermédio de Benguché, assistido por Javi García, mas o Estoril foi inteligente, defendeu bem e jogou com o tempo, confirmando a queda de mais um primodivisionário na Taça de Portugal e o seu grande momento de forma.
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