Os supersticiosos apontam a necessidade de entrar com o pé direito, mas foi graças ao pé esquerdo de Ángel Di María que o Benfica arrancou a segunda volta da Liga Portugal Betclic com uma vitória. Golo e assistência do argentino, num 2-0 sobre o Boavista! Frente ao responsável pela única derrota das águias nesta competição, a equipa da casa foi dominante durante praticamente todo o jogo. Mesmo sem criar muitas chances, com os caminhos fechados a Rafa no corredor central, o campeão nacional deu mais um passo na sua boa série de resultados. São agora oito vitórias consecutivas.
Carreras de Morato no domínio caseiro
Talvez ainda pesasse na memória encarnada o resultado da primeira jornada deste campeonato - um 3-2 no Bessa -, pela forma como os comandados de Roger Schmidt entraram em campo. Uma equipa ofensiva, vertical, a tentar chegar à baliza adversária o mais rapidamente possível. Se o Boavista tentou recuperar o espírito desse jogo de agosto, não se notou. Mesmo nas costas do 1-4 em Vizela, a primeira vitória desde a quinta jornada, a equipa de Ricardo Paiva não conseguiu mostrar praticamente nenhum fulgor ofensivo. Na defesa, a ausência de Malheiro e Onyemaechi voltou a ser sentida, com demasiado espaço cedido por Salvador Agra e Luís Santos, atacantes por natureza. Quem beneficiou desse espaço nos corredores laterais foi, de forma algo surpreendente, Morato. À semelhança do que aconteceu com Arthur Cabral após a contratação de Marcos Leonardo, o defesa brasileiro mostrou mais personalidade que o habitual, com um crescente impacto na manobra ofensiva da sua equipa. A motivar essas arrancadas - carreras, diriam em Espanha - talvez tenha pesado a presença no banco de um reforço para a posição. Seja como for, a verdade é que Morato teve envolvimento nas maiores ocasiões de golo do Benfica ao longo da primeira parte: primeiro aos 12 minutos, num cruzamento grimaldesco que ninguém (João Mário, Arthur ou Rafa) conseguiu desviar para golo, e depois, aos 25, a desperdiçar o golo numa rara aparição no coração da área.
Ángel da salvação teve eco na voz
No arranque da segunda parte, bem como no fim da primeira, já era palpável a tensão da Luz. Desejosos de somar os três pontos necessários para voltar a pressionar o Sporting, os adeptos da casa canalizaram a frustração para o árbitro. O desejo era resolver o jogo rapidamente e Di María tentou dar conta do recado, mas o golo do argentino aos 48 minutos foi invalidado por mão de João Mário, após consulta ao VAR. Na resposta, o Boavista conseguiu pela primeira vez embalar no contra-ataque e viu Bozeník isolar-se na área, mas Trubin, chamado a jogo pela primeira vez, travou a ocasião flagrante. Esses acontecimentos sucessivos não acalmaram os assobios, que ainda se multiplicaram no seguimento de cartões amarelos e atrasos de João Gonçalves na cobrança dos pontapés de baliza. Teve de ser Ángel Di María a dar um último momento de agitação às bancadas, antes do serenar das mesmas. Para vingar o golo anulado, o internacional argentino conseguiu assinar um 1-0 válido, num lance em que engana por completo o guarda-redes adversário. Parecia (e podia até ser) um cruzamento, mas os colegas não chegaram à bola e esta, solteira, saltou timidamente na relva antes de entrar junto ao poste mais distante. Até ao final, houve ainda tempo para mais alegrias para os adeptos da casa. Primeiro a entrada de João Neves, sempre tão acarinhado pela Luz, e do regressado David Neres. Depois o 2-0, marcado aos 90+4. Mais um golo em poucos minutos para Marcos Leonardo que, servido pelo experiente e decisivo Di María, só teve de encostar.
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