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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Entrevista de Jaime Pacheco ao Jornal Público

Jaime Pacheco diz que ainda é “muito novo” para treinar a selecção nacional, mas tem a ambição de assumir dentro de dois anos o comando da equipa chinesa “que nunca ganhou nada”. O treinador lamenta a situação que o Boavista atravessa e defende que o clube “deve ser recolocado na I Divisão”.

Considerou “infeliz” a atitude de Paulo Bento no caso Bosingwa. Acha que o seleccionador devia reconsiderar e dialogar?

Eu tenho muita admiração pelo Paulo Bento e fui dos primeiros a dizer que tinha todas as condições para o lugar, mas dei a minha opinião, como um cidadão qualquer. No caso do Ricardo Carvalho nunca apoiaria o jogador, foi diferente. O comentário de ver o Euro como espectador foi desagradável, mas o Paulo é jovem e eu já disse coisas piores. Respeito-o como homem e treinador e não disse aquilo para o ofender. Pelo contrário. Era uma situação para o departamento médico resolver.

Paulo Bento quer renovar antes do Campeonato da Europa de 2012 começar. Concorda?

Eu também gostava de definir o meu futuro para os próximos 10 anos (risos). Quem dirige a FPF é que tem que fazer essa avaliação. Alguns treinadores estão dependentes dos resultados, outros têm trabalho sempre. Há uns fenómenos que me confundem. Um treinador que ganha a Liga dos Campeões, o campeonato e a Taça Intercontinental não é o melhor do Mundo, outro ganha a Taça de um país e é esse o melhor... isso faz-me confusão.

Em entrevista ao PÚBLICO em 2004 disse ter a ambição de ser seleccionador nacional depois dos 55 anos. Falta ano e meio...

Se calhar 55 anos não é a altura ideal. Ainda sou muito novo. Ser seleccionador nacional é o lugar mais apetecível para qualquer treinador, mas ainda tenho sangue na guelra. Vou alargar esse prazo...

E se fosse convidado para seleccionador da China?

Não faço futurologia, mas tenho o objectivo de estar mais dois anos no Beijing Guoan onde quero ganhar um titulo e depois quero ser seleccionador da China. É um lugar que me atrai. Sinto que posso fazer algo de novo. A China nunca vai a nada, nunca ganhou nada e tem bons jogadores. É aliciante.

Que avaliação faz dos 15 anos de presidência de Gilberto Madaíl da FPF?

Cometeu erros, mas foi o melhor presidente da história da FPF. Podia ter dado mais atenção à formação e a selecção devia ter um espaço próprio, mas depois de Saltillo e de vários falhanços em apuramentos colocou a selecção no trilho certo. Merece uma menção honrosa.

Expectativas para o mandato de Fernando Gomes?

Conhece bem o futebol e entra com argumentos que outros não tinham. A credibilidade que adquiriu durante anos vai ser positiva. Devia ter uma atenção especial para o futebol amador. Há dirigentes, treinadores e jogadores com valor nas divisões inferiores que merecem mais apoio.



Quem merece receber o prémio de Jogador do Ano? Cristiano Ronaldo, Messi ou Xavi?

Há o lado patriótico e para mim o Cristiano Ronaldo é um fenómeno. Mas é preciso ver o momento das equipas e o Messi conseguiu jogar bem e ganhar.

E treinador? Alex Ferguson, Pep Guardiola ou José Mourinho?

Guardiola, como é óbvio. Em 16 títulos ganhou 13. Posso não morrer de amores pelo português, mas quando mereceu também o disse.

“TUDO COMEÇOU QUANDO O MAJOR SAIU DO PSD”

Continua a acompanhar o que se passa com o Boavista?


Esse é um punhal que tenho cravado no coração. O Boavista foi colocado numa situação muito desagradável. É um clube centenário que fez muito pelo futebol nacional e internacional, mas criou muitos anticorpos. Incomodou muita gente e muitos clubes. O Sp. Braga é um clube simpático, porque ficou em segundo lugar uma vez. Se conseguisse o mesmo que o Boavista conseguiu, também ia ser vítima de situações desagradáveis. O Boavista fez muito bem ao futebol português. O que fizeram foi muito injusto. Todas as equipas tiveram apoios. O FC Porto teve apoio da câmara municipal e o Boavista não teve nada. Fizeram-lhe uma rasteira muito grande. O que é que o Boavista fez? Penalizaram o clube no plano desportivo muito injustamente. Até perdeu aquele jogo em casa [frente ao Estrela da Amadora]. Aquilo é normal, todos os clubes pressionam de uma maneira ou de outra. Se tratassem todos os clubes por igual, não havia futebol em Portugal e no mundo.

Qual é a sua explicação para esse tratamento desigual?


Tudo começou quando o major [Valentim Loureiro], saiu do PSD. A política em Portugal envolve-se em tudo. O major tinha adversários no PS, no CDS e nos outros partidos e passou a ter inimigos também dentro do próprio PSD. O Boavista começou a levar por tabela e foi empurrado para o abismo. O major era presidente honorário e a referência e, por isso, começaram a hostilizar o clube de todas as maneiras. Também usaram o Boavista para dar uma falsa imagem que iam limpar o futebol português e iam torná-lo credível, mas continua tudo igual. Não mudou nada. Eu nunca vi ninguém ganhar um campeonato que não merecesse. Há sempre beneficiados e prejudicados, mas no final é quase sempre equilibrado. O Boavista não fez melhor do que os outros por ter sido ajudado. Como era um clube pequeno e estava fragilizado a nível financeiro foi um alvo fácil.

Há quem defenda que era preferível o Boavista recomeçar do zero...


Não, não e não. O Boavista deve ser recolocado na I Divisão e quem o colocou nesta situação devia indemnizar o clube. Deviam pagar as instituições e as próprias pessoas. Pagar pelo erro e pela injustiça que fizeram ao Boavista e ao futebol português. Fizeram mal a milhares de pessoas. Muita gente ficou sem trabalhar por ter feito mal ao Boavista.

Coloca a hipótese de um dia regressar ao Bessa?


Não sei. Continuo a gostar muito do Boavista, mas tenho família. Sempre que posso ajudar, ajudo. De todas as maneiras. Ajudarei sempre. O Boavista deu-me muito e devo muito ao Boavista. Será sempre um dos meus clubes de eleição.

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